Três estrelas de alumínio A luzir num céu de querosene Um bêbedo julgando-se césar Faz um discurso solene Sombras chinesas nas ruas Esmeram-se aranhas nas teias Impacientam-se gazuas Corre o cavalo nas veias Há uma luz branca na barraca Lá dentro uma sagrada família À porta um velho pneu com terra Onde cresce uma buganvília É o presépio de lata Jingle bells, jingle bells, Oiçam um choro de criança Será branca negra ou mulata Toquem as trompas da esperança E assentem bem qual a data A lua leva a boa nova Aos arrabaldes mais distantes Avisa os pastores sem tecto Tristes reis magos errantes E vem um sol de chapa fina Subindo a anunciar o dia Dois anjinhos de cartolina Vão cantando aleluia É o presépio de lata Jingle bells, jingle bells, Nasceu enfim o menino Foi posto aqui à falsa fé A mãe deixou-o sozinho E o pai não se sabe quem é É o presépio de lata Jingle bells, jingle bells