O meu avô atravessou todas as ondas Cruzou as monções e arpoou as baleias Cantava de noite uma canção mágica Que chama às redes os bandos de moreias Contou-me histórias de grutas azuís Onde as medusas estão de guarda às maresias E de mulheres como estátuas de sal Para sempre à sua espera em praias vazias O meu avô amuou a baleia branca Por ela se foi perder nos dentes do mar Mas deixou um mapa no meu travesseiro Para quando também eu já não quiser voltar Só eu conheço o rumo do norte Que atravessa os olhos verdes das sereias Até às baías de cristais de gelo Onde em segredo se vão amar as baleias