Num banco de névoas calmas quero ficar enterrado Num casebre de bambú na minha esteira deitado A fumar um narguilé até que passe a monção Enquanto a chuva derrama a sua triste canção Sei que tenho de partir logo que suba a maré Mas até ela subir volto a encher o narguilé Meu capitão já é hora de partir e levantar ferro Não me quero ir embora diga que foi ao meu enterro Deixem-me ficar deitado a ouvir a chuva a cair Que ainda estou acordado só tenho a alma a dormir Como a folha de bambú a deslizar na corrente Apenas presa ao mundo por um fio de água morrente Nos arrozais morre a chuva noutra água há-de nascer Abatam-me ao efectivo também eu me vou sem morrer Para quê ter de partir logo que passe a monção Se encontrei toda a fortuna no lume deste morrão Ópio bendito ópio minhas feridas mitiguei Meu bálsamo para a dor de ser Em ti me embalsamei Ópio maldito ópio foi para isto que cheguei Uma pausa no caminho Numa névoa me tornei