Na cidade dormitório Onde o sol se põe cinzento E o bel-canto da cigarra Jaz mudo sob o cinzento Quando a noite cai sombria Com seus ténues lampadários Luzindo na simetria Dos novos bairros operários O meu coração vadia como um lobo solitário Na tristeza de um subúrbio Pinto apelos em murais Esfumo a noite em olheiras Deslizo na hora do lobo Sigo o rastro das padeiras Afio as minhas armas brancas Nas esquinas de metal Cravo-as bem fundo nas ancas Da cintura industrial O meu coração vadia como um lobo solitário Na tristeza de um subúrbio Silva a hora do comboio Treme na erva o orvalho Corações da outra banda Apressam-se para o trabalho Com olhos mal acordados Brilho vestido ao contrário Como peixes alucinados Às voltas no seu aquário O meu coração vadia como um lobo solitário Na tristeza de um subúrbio